12.5.08

No title, baby

16 graus em São Paulo. Noite de céu encoberto. Vinho na taça, cena batida, ninguém merece recomeçar assim depois de mais de um ano sem escrever nada que preste. E eu que vivo da escrita. O que faz tudo muito mais triste.

Procuro um cigarro e lembro que parei de fumar, de vez, sem janelas pra pequenos desejos. Considerando que os grandes desejos se foram, fica fácil e quase matemático ver o que sobrou. Médios desejos? Isso não existe. E aí também fica fácil ver o que sou. Fácil lembrar de Pessoa, mas aí também já é demais. “Não sou nada, nunca serei nada”, ora, por favor... E é claro que não tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Movimentos involuntários. Sabe quando uma parte do seu corpo fica “pulando”, ou cria vida própria? Um olho trêmulo, um músculo saltitante, uma lágrima que sai sem querer na hora de fazer a sobrancelha, coisas tão prosaicas. É quase isso, agora. Escrevo involuntariamente. Talvez por isso a falta de qualidade. Ninguém dança no Municipal à base de movimentos involuntários.

Tem uma Fofolete olhando pra mim fixamente. Não sei o que isso quer dizer. E é essa a beleza da coisa toda, entende? Isso, e tudo o mais, não quer dizer absolutamente nada.

OBS.: Aos que se espantam pela presença de uma taça de vinho em plena segunda-feira, aviso que isso tudo é só literatura, baby.

Um comentário:

disse...

Ave!!! Que as palavras belas retornam...
Um brinde às Fofoletes com vinho de segunda (feira).
Beijos, saudade,
Jô.