5.1.07

Puf

(numa referência ao querido Rabuti)

Que bom que seja assim. Ótimo, então, tá combinado. Ano Novo em Sampa, sem praia, sete ondas, areia incomodando na roupa branca, só uma puta festa pra compensar, mesmo. Muita gente, alegria, comida até a tampa, bebida, então, vixe. Vai ser demais de bom. Chego lá pelas 10.

Nossa, quanta gente que eu amo. Nunca passei um reveillon assim, tão cercada de amor. Um monte de crianças e gente feliz, rindo, se abraçando. Ano 9, mudanças, transformações, vai ser demais de bom. Já tô até vendo. Difícil, que mudar custa, ô se custa. Mas é preciso. Da mesma forma que é preciso encher o copo a toda hora, muito gelo, tá calor, mas muito, muito mais uísque. Delícia. O corpo ficando leve, o riso, solto. E a contagem regressiva. Meia noite. Feliz Ano Novo.

Aí aconteceu. Será física quântica? Vai ver foi só o uísque. Um fenômeno paranormal, talvez, essas coisas devem acontecer em horas mágicas como essa, embora o horário de verão, a mágica não devia ser agora, mas que seja. Aconteceu naquela hora.

Pais abraçando filhos, namorados abraçando namoradas, mulheres abraçando maridos. E meu corpo devidamente vestido de branco suspenso numa espera de espectador. Trinta segundos de completa solidão. Só olhando, tentando rir de início, mas depois um estranhamento, como estar, sei lá, em outra dimensão? Talvez atrás de um vidro espelhado, vendo sem ser vista. Até um silêncio, acredita? Trinta segundos que pareciam dias, anos, todos os meus anos de solidão ali concentrados, tipo buraco negro, sabe? Nunca passei um reveillon assim, tão cercada de nada.

Até que alguém me viu e resolveu me abraçar. Nem sei se ele notou meu constrangimento, o não saber o que fazer com as mãos, olhando os abraços como se no cinema, escuro em volta e a cena só de ver, não de tocar. Cheia de vergonha pelo meu isolamento naquela dimensão. Um abraço-bóia-salva-vidas, um puxão pelos cabelos e a tentativa de aspirar o ar. Inútil.

Depois disso, o tempo parece correr diferente. Sem entender bem a passagem dos dias e das noites, ainda naquela dimensão de bolha inacessível. Será essa a mudança? Se for, já tô até vendo. Vai ser demais de bom.

10 comentários:

Tata disse...

Adorei. Já tive essa mesma sensação em viradas de ano. Acho que é sempre pro bem!!!

Cronópios Editora disse...

Que deus te ouça, Tata, porque eu te confesso que estou morrendo de saudade de 2006... Beijo procê e bom ano!

Anônimo disse...

Esse vai ser um ano bom, bebê. Tenho certeza, apesar de alguns momentos de crise. E sei que você também tem, apesar de alguns momentos de crise. Beijo

Cronópios Editora disse...

Ahã...

Anônimo disse...

Tô rezando pra Tia Maria te dar uns três dias de sono e tirar de você essa amargura, meu bem. Beijos

disse...

Hm, essa sensação não me é estranha... já passei por uns finais de anos assim... mas, se mudou alguma coisa? Puf!!! Espero que este seja diferente...

Beijo, bonitinha... saudade docê.

Anônimo disse...

Jam
Te achei no blog do teu sobrinho- meu filho. Vamos tentar diminuir a solidão, aproximar, acrescentar nesta amizade que apesar do carinho que sentimos nunca foi pra frente?
O ano pra mim não virou, esto meio travada no tempo .
Beijos

CECILIA

L. disse...
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L. disse...

cerveja, cerveja, cerveja, cerveja, cerveja!!!!!!

Su disse...

Vestida toda de branco, corpo suspenso, surdez, imobilidade... Ai, Jam, que meda! Pega um alfinetinho e faz "PUF" nessa bolha, anda.

Beijo.